CONHECENDO PARA CONVIVER

Compreender os fenômenos relacionados a vida social que envolve a pessoa humana em sua totalidade é condição básica para a atuação de mediador; refletir acerca dessa complexidade envolve crenças, valores, sonhos. Somos levados constantemente a tomar decisões em um mundo de semelhantes com suas perceptíveis singularidades, com suas histórias pessoais e por consequência, com verdades que precisam ser conhecidas e respeitadas. “Atentar para a história pessoal, implica movimento dinâmico das emoções onde em um processo circular vemos e revemos”, dessa forma, entender o que nos define é compreender que temos algo que nos separa e nos aproxima, de modo que possamos aceitar o que temos como condição básica de existência. Essa reflexão nos conduz a compreensão do que nos distingue, pois nos apropriamos da consciência de que independente das escolhas que fazemos, precisamos uns dos outros, posto que “esse ser pessoal também é um ser social, que cresceu em uma realidade e em uma comunidade específica que lhe possibilitou amigos, escola, crenças, ideologias”. Essas relações se dão movidas por sentimentos, interesses, necessidades semelhantes que favorece a sobrevivência e determinam a identidade de cada pessoa humana, pois esta estabelece uma relação única com sua realidade histórica. Em um processo de resolução de conflitos, a apropriação das necessidades dos envolvidos, considera o respeito às diferentes verdades, que condicionam as questões individuais que permeiam as escolhas, pressupondo sempre que é condição inerente a pessoa humana, “viver precisando sempre uns dos outro”. A convivência podem gerar situações de difícil resolução, mas atentar para as necessidades possibilita a compreensão de que as relações demandam escuta diária, postura pacífica. É importante se apropriar de referenciais teóricos que venham a fortalecer essa conduta e esse desejo de contribuir com atitudes pacificadoras. Nesta trajetória pessoal, de busca da compreensão do sentido do conflito nas relações diárias e na busca alternativa de suas resoluções, fui surpreendida por diversas vezes, com confrontos em minha própria história. Vivi alegrias ao vislumbrar novos caminhos e novas possibilidades em situações reais de divergências coletivas; descobri-me convidada a construir e agregar, em diferentes espaços, outras formas de conviver e gerenciar o conflito. Vale lembrar que o conflito não acaba o conflito faz parte da trajetória da humanidade. O conflito interfere no crescimento pessoal, social, cultural. Se não for gerenciado, em um efeito dominó, se amplia a tal ponto que se perde a referência dos motivos e todo o seu percurso seguinte será de um afloramento sem fim de situações ascendentes de violências. É necessário se inquietar com todos os processos geradores de violências, é preciso compreender que as divergências existem, sempre existirão, mas estas devem ser vistas como necessária em respeito as individualidades, contudo sem perder de vista a importância da escuta na busca permanente da pacificação de diálogos. Vale ressaltar que gerenciar conflitos implica em favorecer uma reflexão acerca da própria história, buscando soluções necessárias alterando percursos da própria realidade vivida, pois sugere uma nova interpretação de parâmetros de existência de forma consciente, pautado em uma ética e uma consciência moral. A mediação surge para legitimar a condição de existir a partir de parâmetros construídos, tendo por base alguns pilares: Saber quem sou, saber que preciso do outro, saber que temos verdades que se completam e se não se completa precisamos buscar juntos as soluções a fim de assegurar nossa qualidade de vida. Dessa forma os diferentes meios de gerenciamento de conflitos tendem a emancipar, pois desperta a consciência dos envolvidos, a partir de suas reflexões acerca da condição humana como atenção das necessidades dos envolvido, e assim cabendo a cada um decidir para ir, ou até onde ir para garantir sua satisfação pessoal, possibilitando vistas a compreensão da necessidade do outro. (Magda Santos)